terça-feira, 26 de dezembro de 2017

TOP 10 - MELHORES LEITURAS DE 2017!!!



Encerradas as leituras do ano, vamos comentar, como de costume, os títulos mais marcantes que, diferente do que ocorreu ano passado, foram muitos. Ainda que tenha dado 5 estrelas a apenas 3 títulos (portanto, menos que em 2016), não foi nada fácil fazer essa seleção, pois muitos livros beiraram a avaliação máxima. Mais difícil ainda foi classificar as escolhas por ordem de preferência, mas não querendo romper com minhas tradições, abracei o desafio, e aí estão pois os bonitos, do último ao primeiro colocado. Todos tiveram uma resenha em vídeo, publicadas todas elas no canal Literatura & EU; deixarei os títulos hiperlinkados, para o caso de vocês terem perdido alguma ou, quem sabe, quererem rever.


# 10º lugar ALVES & CIA., de Eça de Queirós (4 estrelas)
2017 definitivamente foi um ano dedicado a Eça, mas, infelizmente, não me senti devidamente recompensado por essa dedicação. Dos quatro livros lidos, apenas este Alves & Cia. foi merecedor de 4 estrelas. Obra póstuma, trata-se de uma novela sobre infidelidade conjugal. Após flagrar a esposa nos braços de seu sócio Machado, Alves cisma em encontrar uma maneira eficiente de limpar sua honra ultrajada, mas as conveniências e interesses pessoais poderão intervir cabalmente em sua decisão.

# 9º lugar UMA MULHER, de Francesca Lenardon Pilosio (4 estrelas)
Tive uma das leituras mais fluidas do ano nesta minha primeira experiência com a literatura italiana. Franca Lenardon, como também era conhecida a autora de Uma Mulher, está hoje totalmente esquecida e pouco se sabe a seu respeito. Para mim, foi a descoberta do ano, merecendo o prêmio de autora revelação rs. A delicadeza que tem este romance de memórias faz o leitor simpatizar a romântica Luísa, uma mulher desprovida de ambições materiais, e que sofre da incapacidade de deixar de amar. Simples, poético e enternecedor.

# 8º lugar AMOR DE MÃE, de Paul Vialar (4 estrelas)
A excentricidade já é uma marca notável na literatura francesa, mas o tipo excêntrico deste Amor de Mãe é profundamente tocante, porque somos todos sensíveis ao afeto maternal. Daniela é a personificação da maternidade, sendo ela incapaz de partilhar outros sentimentos. Pelos filhos, sua razão de viver, será capaz de todos os sacrifícios. Os artifícios de construção e condução da narrativa usados pelo prolífico Paul Vialar tornam a leitura excepcional.

# 7º lugar A DAMA DAS CAMÉLIAS, de Alexandre Dumas, filho (4 estrelas)
Os amores do nobre Armand Duval com a célebre cortesã Marguerite Gautier inspiraram meu amado Alencar em Lucíola. O texto, não sei se pela tradução que li, me pareceu de uma modernidade impressionante, pois não compartilha do ritmo particular aos romances oitocentistas. O romance é de uma elegância soberba, seja pelo estilo, seja pela forma; pois é constantemente belo e gracioso, como que engajado em seduzir o leitor. O único senão que lhe impediu a nota máxima foi o pouco desvelo na feitura da transição redentora por que passa Marguerite; o que, a meu ver, foi melhor realizado no romance de Alencar.

# 6º lugar O MONGE, de Matthew Gregory Lewis (4 estrelas)
Diferente de tudo que já li na vida, nunca um romance me pareceu tão tenebroso ou revestido de uma atmosfera tão diabólica como O Monge. O próprio diabo constitui um personagem da trama, ainda que, à primeira vista, de forma implícita. Mas não foram seus mil e um demônios que conferiram à obra de Lewis uma avaliação excelente. Mas o pior é que o fator que o engrandece acaba sendo também o defeito que lhe ofusca o brilho. Estou me referindo à substância colossal do romance que, mesmo não sendo uma obra tão extensa, dá a impressão de ser muito maior, pela excessiva matéria utilizada pelo autor, que incluiu em sua obra vários mitos da cultura inglesa. Ainda que pecando pelos excessos, é uma obra magistral.

# 5º lugar O FEIJÃO E O SONHO, de Orígenes Lessa (4 estrelas)
Como não ser atingido por este livro que trata de uma questão que me é tão particular? Qual poeta nunca foi desdenhado? Qual escritor nunca teve de sacrificar o seu ideal em virtude das necessidades mundanas? Sou mais um dentre milhões e milhões de autores que sonham com o dia em que poderemos viver da literatura que produzimos. Enquanto não chega esse dia, continuemos nos sacrificando para que não falte feijão em nossa mesa.

# 4º lugar AVES DE ARRIBAÇÃO, de Antônio Sales (4 estrelas)
Aves de Arribação é uma das obras mais bem executadas da literatura cearense. E o que mais impressiona é que Antônio Sales não teve que apelar aos horrores da seca para atingir tão elevado sucesso. Romance subestimado, em grande parte por ser de um cearense, apresenta uma galeria relativamente pequena de personagens que povoam uma trama simples, mas devidamente analisados em suas complexidades sob a perícia de um narrador que, entre a moral e a razão, constrói um ritmo excitante. Alípio, Florzinha e Bilinha formam um triângulo amoroso que certamente não esquecerei logo.

# 3º lugar OTELO, de William Shakespeare (5 estrelas)
Nada do que eu disser sobre Shakespeare servirá para aumentar-lhe a fama, que já chegou ao ponto máximo que qualquer artista poderia chegar. Se Otelo não foi a melhor leitura do ano, é seguramente por não pertencer à forma literária que mais aprecio (e praticamente o restante da humanidade também): o romance. O que quero dizer é que, por mais entusiasta que seja do teatro, jamais o elevarei sobre o romance; como também não trocaria Otelo por incontáveis romances maus. A humanidade dos tipos de Shakespeare é assombrosa; e, a despeito de certos escrúpulos meus, não posso deixar de admitir que Iago é um dos personagens mais fantásticos que já foram criados.

# 2º lugar A LAGOA AZUL, de H. De Vere Stacpoole (5 estrelas)
Entre este e o primeiro colocado não há exatamente uma ordem de preferência. Os dois são, para mim, verdadeiras obras-primas que, não obstante serem completamente diferentes no que se refere a enredo, compartilham da mesma sensibilidade e pureza, tão magnificamente expressas por seus autores. O livro A Lagoa Azul acabou perdendo o interesse das pessoas em consequência da grande popularidade do filme de Randal Kleiser (The Blue Lagoon, 1980), o que é uma grande injustiça, sendo o romance de Stacpoole provido de qualidades que os efeitos audiovisuais não puderam transmitir. Acho o filme excelente, e por ele decidi conhecer o original; não é caso de dizer que este ou aquele seja melhor: ambos se complementam; e podem acreditar: a experiência com o livro acrescenta demais! A belíssima tradução de Mario Quintana talvez, penso eu, tenha melhorado o original que, por si só, já é exuberante.

# 1º lugar OS DOIS AMORES, de Joaquim Manuel de Macedo (5 estrelas)
O que esperava quando peguei Os Dois Amores para ler era uma leitura regular e agradável, tal como tinha sido com O Moço Loiro, lido no ano passado; mas, desde os primeiros capítulos, estava convencido de que se tratava de uma proposta diferente. Sempre fui muito sensível ao estilo de Macedo, mas o que ele me proporcionou com este livro eu jamais irei esquecer. E sabe por quê? Porque estava precisando. Como um sedento que encontra água, assim foi comigo. E se me perguntarem o que estava buscando que em Macedo encontrei copiosamente, eu direi: fé. Quando percebemos tanta maldade à nossa volta, tanta vileza, tanto egoísmo e tanto desamor, queremos desacreditar do ser humano. Daí, você lê O Mandarim, e Eça te confirma o quanto as pessoas são desprezíveis; em seguida, você lê Os Dois Amores, um livro esquecido e aparentemente ingênuo, e vê que nem tudo está perdido, que a luz e a esperança da humanidade estão em cada um nós. Precisamos pensar mais no quanto podemos ser melhores do que já somos. Não podemos perder a fé no homem. Não podemos desistir de nós mesmos.

Daniel Coutinho

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