sábado, 28 de maio de 2016

Mais Livros! - MAI/2016



O Mais Livros! deste mês está repleto de títulos muito ansiados. Muitos deles vieram preencher certas lacunas que considerava inadmissíveis rsrsrs. Mais uma vez demorei, e a postagem está saindo de novo atrasada (mas a tempo) por conta de umas coisinhas que ainda estou aguardando e que portanto ficarão para junho. Nem por isso, o saldo do mês está menos interessante.

A começar pelos estrangeiros, adquiri uma obra que já tinha na minha casa em vários exemplares até; e que, imagino, todo mundo deve ter, pelo menos uma. Estou falando obviamente da Bíblia. Quando disse “todo mundo” foi porque, mesmo sabendo que o Brasil é um país bastante heterogêneo em se tratando de religião, sabemos que o cristianismo predomina não só aqui como em quase todo o mundo. Venho de uma família cristã protestante e cresci segundo uma educação pautada pelos preceitos bíblicos. Há alguns anos, abandonei a religião, por motivos um tanto difíceis de explicar aqui e que, na verdade, nem vêm ao caso. Em poucas palavras, a maturidade que a gente vai adquirindo com o passar dos anos nos faz enxergar a vida e o mundo com um olhar mais amplo e de maior alcance; de repente, você começa a entender coisas, como a maneira pela qual as pessoas entendem Deus. Creio em Deus, mas não sou adepto de religiões que, a meu ver, separam as pessoas. Nem por isso, fecho os olhos para um livro tão importante (por mil motivos) como a Bíblia. De fato, são inegáveis os valores que ela acarreta, sejam históricos, filosóficos, sociológicos e até literários, para só citar alguns. Precisava de uma edição confiável, que não fosse influenciada por ideologias cristãs, judaicas, etc.; afinal, meu interesse pela fidelidade do texto bíblico é puramente enquanto leitor.

Daí, pesquisando e consultando alguns colegas, conheci a Bíblia de Jerusalém, que é considerada a tradução mais ecumênica da Bíblia, dada a antologia de tradutores constituída por representantes das mais diversas ideologias. Era enfim a tradução que mais atendia às minhas expectativas; por isso, não pensei duas vezes, e adquiri a edição em tamanho GRANDE da Paulus Editora, porque queria uma edição para leitura mesmo e não apenas consulta, e já confessei que tenho pavor a letra miúda rsrsrs. A edição está lindíssima, com textos de apoio, milhares de rodapés explicativos, letra em tamanho maravilhoso, mapas e outros recursos suplementares que dão suporte e auxílio ao leitor. Tudo isso distribuído em 2200 páginas convenientemente aproveitadas. Agora, o problema: gente, que papel é esse? Juro como nunca vi nada tão fino em toda minha vida, e olha que já tive contato com os mais diversos tipos de “papel bíblia”. O menor descuido e você rasga uma página sem nem perceber rsrsrs. Não estou dizendo que é papel de má qualidade; ao contrário, é excelente. O problema mesmo é que, por ser tão fino, é meio desconfortável de manusear, passar a página; fazer recuos e avanços no texto é, portanto, quase que impraticável. Tô só pensando em como vou ler isso com o ventilador ligado rsrsrsrs. Mas, enfim, como não é uma leitura pra já, quem sabe, quando for ler, já tenha um ar-condicionado no meu quarto! Acho meio difícil...

Mas não, não vou passar o post inteiro falando da Bíblia! rsrsrs.

Depois de adquirir os contos de Charles Perrault e dos irmãos Grimm, faltava ele: Hans Christian Andersen. A Cosac Naify, infelizmente, não ousou lançar a obra desse famoso dinamarquês, mas felizmente consegui uma edição maravilhosa em dois volumes da Villa Rica Editora. Essa Villa Rica é a mesma Garnier que editou Machado de Assis no século XIX, e foi mudando de nome várias vezes: Briguiet, Itatiaia, Garnier de novo, Villa Rica, Itatiaia de novo... Nunca entendi essa confusão de nomes rsrsrs. Mas, ao que parece, todas elas são a mesma editora. Enfim, eles lançaram em 1996 a obra completa do Andersen sob o título Histórias e Contos de Fadas, ricamente ilustrada, totalizando 1400 páginas em papel bíblia (esse manuseável rsrsrsrs). Não foi traduzido do dinamarquês, mas de uma edição americana bastante confiável. Andersen é autor de clássicos infantis como O Soldadinho de Chumbo, O Patinho Feio, A Pequena Sereia, e muitos outros. Quando pesquisava uma boa edição da obra de Andersen, acabei descobrindo que à obra completa da Villa Rica ficaram faltando os três últimos trabalhos do autor, que foram descobertos após sua morte. Felizmente, a mesma editora, agora com o nome de “Itatiaia”, lançou esses trabalhos no volume Últimos Contos. Consta-me haver uma edição portuguesa muito boa da obra completa do Andersen, mas não achei para comprar no Brasil. Alguém sabe dizer se ela foi traduzida do original e se contém os Últimos Contos também? Fiquei curioso.

Saindo da Dinamarca e passando a Inglaterra, da queridíssima Pedrazul adquiri Evelina, da Frances Burney, escritora que abriu caminho às mulheres na literatura inglesa. Esse pioneirismo por si só já justifica meu interesse e, sinceramente, estou me apaixonando cada vez mais pelos ingleses. Da literatura francesa, que já é paixão mais antiga, consegui o Jocelyn, do Lamartine. Já tinha vários romances em prosa dele, como Graziela e Geneviève; julguei necessário um romance em versos, o que foi muito difícil de conseguir em português, mas por sorte, descobri essa tradução antiquíssima (e acho que única) do Jocelyn. Na sequência francesa, adquiri o clássico Manon Lescaut (Abade Prévost) em edição daquela coleção lindinha e antigona da editora abril: Grandes Sucessos (a versão de capa branca); mas o que mais me agradou foi quando vi o nome do tradutor Araújo Nabuco, que muito aprecio desde que li a tradução dele de Madame Bovary, da mesma coleção. E do grande Júlio Verne, consegui finalmente um exemplar de À Roda da Lua, que é uma sequência de outro romance dele, Da Terra à Lua, que eu já possuía.

Adquiri também um romance alemão. Eis uma novidade. Não tenho quase nada dos alemães. Mas para decepção de muitos, escolhi um romance róseo rsrsrsr. Fale quem quiser falar, gosto de ler vez por outra algo do tipo, mas só simpatizo esses antigões daquelas coleções para moças e jovens senhoras. Às vezes, tenho belas surpresas: O Pecado das Mães (Henri Ardel), por exemplo, que li ano passado, entrou para meu TOP 10 de melhores leituras do ano. Desta vez, o escolhido para aquisição foi Elisabete dos Cabelos de Ouro, da alemã Eugênia Marlitt. A edição é em dois volumes e pertence à Coleção Rosa, que a editora Saraiva editava em meados do século passado, especialmente para as moças brasileiras, publicando, em sua maioria, romances estrangeiros. Dessa coleção, eu já tinha Nina, do Joaquim Manuel de Macedo. Agora, se me perguntarem por que, dentre tantos títulos da Coleção Rosa, escolhi Elisabete dos Cabelos de Ouro... Riam se quiserem, mas adorei esse título kkkkk. Quem nunca leu um livro pelo título, atire a primeira pedra!!! Para encerrar os estrangeiros, passando dos alemães aos norte-americanos, consegui o famoso romance policial Laura, de Vera Caspary. Tudo bem que não é tão famoso assim, mas além de ser bastante apreciado no exterior, já foi inclusive adaptado para o cinema. Esse foi indicação da querida Claire Scorzi, que tem um canal literário delicioso no Youtube. Eu, que admiro demais a Claire, não pude deixar de ficar curioso para ler Laura, tão elogiado por ela, que é, sem sombra de dúvidas, uma respeitável leitora! E como não sou muito de ler romances policiais, resolvi experimentar esse.

Agora, regressemos ao Brasil! Ando numa fase meio modernista; daí, os títulos que escolhi. Dei preferência, claro, aos livros da Cosac Naify, mas da minha lista pessoal de futuras aquisições, só havia dois: Convergência (Murilo Mendes) e Malagueta, Perus e Bacanaço (João Antônio). O primeiro veio suprir a carência de poesia concreta da minha estante, e fiquei até curioso com os chamados murilogramas. O outro é coletânea de contos bastante referenciada quando se fala em prosa moderna dos anos 60. Do contemporâneo Milton Hatoum, comprei Relato de um Certo Oriente. Tinha separado pra ler este ano os Dois Irmãos, mas quando soube que este último se relacionava com o que comprei este mês (embora de forma tênue, na pessoa de um personagem), não hesitei em antecipá-lo. Por último, dos caros cearenses, criei vergonha na cara e comprei o tão desejado romance Aldeota, de Jáder de Carvalho, o autor que deu nome ao prêmio literário que conquistei em 2010. Da adorável Rachel de Queiroz, adquiri sua obra obra-prima, Memorial de Maria Moura, que com certeza vou ler antes do fim do ano! Quem leu minha resenha do livro Cordéis, sabe que fiquei morrendo de vontade de ler a obra mais importante de Patativa do Assaré: Cante Lá que Eu Canto Cá. Pois é... Já providenciei rsrsrs; se não este ano, será lido no próximo! E, finalmente, a título de curiosidade, aproveitando uma promoção, obtive O Objeto Ausente, de Carlos d’Alge, o português mais cearense de todos rsrsrs. Trata-se de um livro de memórias do Carlos, quem eu só conhecia dos ensaios literários que ele fez para os romances portugueses daquela coleção Os Clássicos da ABC Editora, que já foi matéria de uma das mais entusiasmadas postagens deste blog rsrsrs.

Por último (e agora é o último mesmo rsrsrs), consegui o folheto de cordel A Estátua do Jorge, de Alberto Porfírio, que foi um dos cordelistas mais renomados do Ceará, cuja fama se estendeu até o exterior. Preferia uma edição em livro, mas tive dificuldade de achar; acabei ficando com este folheto, que é um dos mais apreciados dele, como uma feliz amostra de mais um ilustre cearense que não conhecia.

Perdão, se escrevi demais! Tenho que confessar que este blog está se tornando numa espécie de diário literário ou memorial de leituras mais particular do que eu previa rsrsrs.

Daniel Coutinho

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